Boa gestão ambiental e mais tecnologias garantem ganhos de produtividade

Planejamento ambiental e novas tecnologias garantem lucratividade

rural1Um empreendimento pecuário deve, primeiramente, garantir sua sustentabilidade econômica com um bom planejamento das atividades ao longo do ano. O recurso humano para executar esse planejamento deve ser buscado e treinado, visando ao aprimoramento de capacidades e competências para bem exercer as atividades da propriedade. As práticas ambientais nunca devem ser negligenciadas, pois o retorno financeiro é certo. O produtor consciente das responsabilidades que sua atividade requer, assim como a boa administração financeira e de recursos humanos, deve realizar um bom planejamento do uso dos recursos naturais, evitando prejuízos e favorecendo os lucros.

Esta é a opinião de Rodiney de Arruda Mauro, pesquisador de Gestão Ambiental e Recursos Naturais da Embrapa Gado de Corte, manifestada em recente artigo divulgado pela instituição.

Conforme o pesquisador, “quando a terra ainda é virgem, caso raro no Brasil atual, a preparação desta para integrar o sistema produtivo é muito facilitada, pois podemos planejar as construções longe das Áreas de Preservação Permanente (APPs), formar pastagens mantendo as distâncias regulamentadas das fontes de água, escolher o melhor pasto adequado ao tipo de solo da propriedade, evitando a existência de solos expostos às intempéries, construir curvas de nível para evitar a perda da camada mais fértil do solo por erosão laminar, etc”.

Ele destaca que, “atualmente, o Brasil tem cerca de 5 milhões de propriedades. Como se adequar ambientalmente, quando elas já foram formadas há mais tempo, quando as leis que regiam o espaço rural eram outras?”.

“Os dirigentes do nosso país, após consultas às diversas classes que fazem do ambiente rural o seu ganha-pão, chegaram à carta magna de como bem administrar ambientalmente as propriedades brasileiras. Esta é o Código Florestal Brasileiro, reformado e publicado em 25 de maio de 2012 (Lei nº 12.651/2012)”, destaca o pesquisador.

“Com o novo Código Florestal, veio o Cadastro Ambiental Rural (CAR), um registro eletrônico obrigatório, que visa regularizar ambientalmente as propriedades rurais brasileiras. O CAR é um instrumento que veio auxiliar os donos de terras a planejar melhor o seu espaço rural; ao mesmo tempo, serve como um inventário do que existe de áreas ainda conservadas e ajuda, ainda, a identificar onde estão as áreas degradadas, para que se promova uma planejada recuperação delas.  E o tempo está acabando. O prazo para que todos cadastrem o seu imóvel termina em 5 de maio de 2016, isso porque já foi prorrogado por um ano”, destacou.

Segundo ele,  “o proprietário poderia se perguntar ‘por que devo fazer essa tal de Gestão Ambiental em minhas terras?’. Fazendo essa gestão, esse planejamento, o produtor vai assegurar uma garantia jurídica para suas ações produtivas e de conservação. Poderá ser um sério candidato a melhorar sua produtividade, seja qual for a cultura ou criação adotada. Poderá, também, obter financiamentos de entidades oficiais, para que tenha um capital financeiro sólido, que lhe assegure uma safra, com bons dividendos”.

E prossegue: “Brevemente, teremos uma nova lei que favorecerá primeiramente o ambiente rural e com ótimas consequências para os habitantes das cidades, que é a Lei 312/15, a qual ainda está tramitando na Câmara dos Deputados e trata da Política Nacional de Pagamentos por Serviços Ambientais”, afirmou o pesquisador.

Para ele, “a eficácia da conservação dos recursos naturais propicia ao empresário rural várias possibilidades de agregação de valor aos seus produtos, assim como receber por exercitar essa conservação. Um bom exemplo é o uso da água”.

Rodiney acredita que, “se o produtor tem uma boa gestão ambiental do espaço rural que lhe cabe, poderá ter ganhos monetários com os dividendos oriundos de fundos que premiarão aqueles que promovem a recuperação ambiental em suas propriedades. O aumento da vazão de cursos de água em propriedade está perfeitamente alinhado ao Código Florestal Brasileiro na proteção de nascentes, recuperação da Reserva Legal e conservação da vegetação ciliar, de matas, etc”, concluiu.

OUTROS ESFORÇOS    

Também dentro da Embrapa Gado de Corte, onde Rodiney é o pesquisador responsável pela opinião aqui divulgada, está sendo desenvolvido um outro esforço, no sentido de qualificar cada vez mais a tecnologia pecuária.

O Portal DBO publicou recentemente uma matéria da jornalista Marina Salles, que trata da pecuária de precisão. Ela aborda, entre outros temas,  um chip intrarruminal que é capaz de prever e marcar o dia do parto de uma vaca e, ao mesmo tempo, mandar um alerta para o peão que está acompanhando aquele animal. Tudo por meio do telefone celular do empregado da fazenda.

Conforme as informações, também há tecnologia em que “um bezerro nasce e, no umbigo dele, é colocado outro chip, que ajuda na cicatrização da bicheira”. Outro exemplo é o da balança que registra, a distância, o peso do gado, enquanto o animal caminha pelo pasto. Essas tecnologias  fazem parte do projeto “Pecuária de Precisão”, que está sendo desenvolvido no Laboratório Mangueiro Digital da Embrapa Gado de Corte.

O trabalho é coordenado pelo médico-veterinário e pesquisador Pedro Paulo Pires. Perguntado sobre o que seria, afinal, a pecuária de precisão, o pesquisador diz que “a gente chama de pecuária de precisão o que, na verdade, é a pecuária informatizada. Porque eu posso saber quanto o gado está ganhando de peso/dia levando o rebanho à balança do mangueiro, prendendo os animais e anotando tudo numa folha de papel. Aí, depois de pesados, eu desenho o gráfico de ganho de peso deles. Isso mostra que a pecuária de precisão pode ser feita à mão. Nosso foco hoje é automatizar ao máximo a parte zootécnica.

Conforme o pesquisador, as tecnologias são criadas para melhorar a taxa de natalidade na propriedade rural e também para otimizar o trabalho dos empregados. Usam softwares, aplicativos, hardwares, são analisados diversos dados e colhidas informações em campo sem mão de obra. Conforme a reportagem da DBO, com o chip intrarruminal no caso das vacas, por exemplo, você consegue saber qual o dia do parto e estar mais preparado para intervir, em caso de necessidade.

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