Embrapa não sabe como recuperar Reserva Legal

Os primeiros resultados de um experimento montado pela Embrapa com o objetivo de verificar a viabilidade e a melhor forma de se recuperar uma Reserva Legal começaram a aparecer e são desalentadores. Experimentos conduzidos pela Embrapa Agrossilvipastoril em Mato Grosso sobre recomposição de reserva legal nos biomas Cerrado e Amazônia mostram que a regeneração natural não é eficiente para restauração de áreas com histórico de agricultura e ainda não se sabe se o plantio de mudas tem viabilidade econômica.

fotosafdsfaAs observações foram feitas em quatro ensaios localizados nos municípios de Canarana e Campo Novo do Parecis, no bioma Cerrado, em Sinop, região de transição entre Cerrado e a Amazônia, e Guarantã do Norte, no bioma Amazônia. Em todos os locais, foram instalados experimentos que avaliam diferentes métodos de restauração da vegetação, como a semeadura direta, semeadura a lanço, plantio de mudas e regeneração natural.

De acordo com o pesquisador Ingo Isernhagen, em Sinop, onde a área utilizada tem um longo histórico de agricultura, a regeneração foi inexpressiva. Já nas demais áreas, com histórico de pecuária extensiva, a regeneração vem ocorrendo com a germinação e crescimento de espécies nativas oriundas do banco de sementes do solo.

“Resultados preliminares de três anos sobre Sinop, que é uma área essencialmente agrícola, mostram que a regeneração natural não parece ser uma boa técnica. Embora praticamente não tenha custos para o produtor, ela também não tem qualquer resultado do ponto de vista ecológico. Nesses casos, vai ser necessário intervir”, afirma o pesquisador.

Necessário ressaltar que, apesar da opinião do pesquisador, o novo Código Florestal autoriza o produtor rural recuperar sua Reserva Legal reconduzindo a vegetação natural EM QUALQUER SITUAÇÃO. Se for necessário intervir, a forma e os meios dessa intervenção precisarão ser discutidos.

A regeneração natural é uma técnica de restauração em que é feito apenas o isolamento da área de modo a deixar que o banco de sementes presente no solo germine, restaurando a vegetação nativa. Por causa do seu baixo custo e da reduzida necessidade de intervenção, a técnica é considerada uma boa alternativa pelos produtores que precisam se adequar à legislação vigente.

Avaliação ecológica x econômica

Outras técnicas para recomposição de reserva legal são o plantio de mudas e a semeadura direta. A pesquisa também está avaliando aspectos financeiros dessas opções de recuperação florestal. Dados sobre custos de plantio, despesas com manutenção, condução e as possíveis receitas com o manejo da área estão sendo computadas para uma avaliação geral.

À medida que os anos passem, a expectativa é fornecer aos produtores rurais dados sobre eficiência de cada técnica, orientações agronômicas e florestais, custos totais e possibilidade de renda com o manejo. Hoje ainda não há o que dizer.

Ingo explica que, na fase de implantação, o plantio de mudas é o mais caro. Porém, ele é o que apresenta maior potencial de manejo, uma vez que é possível controlar as espécies utilizadas, plantá-las ordenadamente de modo a facilitar a colheita de frutos e sementes ou o corte da madeira e mecanizar a condução. Mas ainda não há indicação sobre a viabilidade econômica essa alternativa.

Nos experimentos conduzidos pela Embrapa em Mato Grosso, estão sendo utilizadas 41 espécies nativas e algumas exóticas, como eucalipto e mogno-africano, por exemplo. Além de espécies com funções ecológicas, há aqueles que visam a geração de renda na produção de frutos, resinas, essências, sementes e produção de madeira.

Por esse motivo, a pesquisa também avalia diferentes formas de condução das florestas replantadas. O objetivo é ver o quanto as podas e desramas contribuem para o melhor desempenho das plantas e se os custos operacionais justificam os eventuais ganhos comerciais.

“Tem-se falado cada vez mais na criação de modelos econômicos de restauração. Se a gente quer modelos econômicos, temos de investir em manejo. Não adianta fazer o que usualmente é feito: plantar e deixar os indivíduos crescerem. Se a gente quer retorno econômico, tem que ter manejos adaptativos. Tem que ir conduzindo o processo de forma a ter produtos madeireiros e não madeireiros de qualidade”, explica Ingo Isernhagen, sem perceber que retorno econômico também pode ser negativo.

“A restauração já é cara por natureza. Com esse tipo de manejo ela ficará ainda mais cara no começo. Mas a gente quer que, em até 20 anos, o produtor tenha um retorno. Além disso, em cinco anos já é possível retirar o eucalipto, coletar sementes e frutos”, sonha o pesquisador sem apresentar o fluxo de caixa.

Em tempo, é preciso lembrar que essa não é a única pesquisa da Embrapa que está estudando esse tema. A Empresa certamente tem mais informações sobre isso do que os estudos do Dr. Ingo Isernhagen que foram montados em parceria com ONGs do ambientalismo radical.

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